"A Liturgia na Umbanda"


Entramos na parte que toca a Liturgia (ritual) da Umbanda, esperamos que a espiritualidade nos ajude nesta tarefa.

Não queremos com estas descrições, induzir a quem quer que seja o modo de abrir e presidir as sessões (giras), pois, como deixamos claro anteriormente, a nossa função é a de somar conhecimentos.

Para podermos entrar na essência do que é a liturgia na Umbanda (exotérica), precisamos enumerar alguns detalhes que são de suma importância:

  1. O horário é muito importante, podemos dizer, sagrado ;
  2. Deve haver homogeneidade no vestuário: todos de branco ;
  3. Os pés devem estar descalços, com meias ou sapatilhas de crochê, nunca com sapatos ou materiais isolantes ;
  4. O médium deve deixar todo o tipo de problema, qualquer que seja, antes de adentrar no centro.

Citando esses exemplos, para orientação do começo dos trabalhos, já é o bastante para que os trabalhos funcionem bem. Deixamos os outros itens que também se farão necessários, para que cada irmão use de seu concensional.

No início, o responsável pela abertura dos trabalhos fará soar uma campainha ou um outro sinal que corresponda, a chamada dos irmãos ao terreiro ou recinto dos trabalhos, 10 minutos antes do início para que haja concentração.
Quando os irmãos estiverem passando pela entrada, em atitude de respeito e louvor ao ambiente, cruzarão as mãos sobre o peito e em seguida as abrirão em frente ao altar ou simplesmente farão o sinal da cruz no peito se acharem melhor.

A formação dos irmãos se fará em círculo, ou vários círculos, sempre observando para que todos estejam uniformizados e, dependendo da quantidade de irmãos disponíveis neste dia, disponibilizar-se-á alguns para outros afazeres que também são indispensáveis como ajudar na assistência, na entrada, secretaria se houver alguma, etc.

O incensório é muito importante, embora a grande maioria dos templos, centros e terreiros não podem fazê-lo por serem sem recursos, porque os incensos de ervas e até mesmo os defumadores e essências na abertura dos trabalhos ajudam os doentes e os próprios médiuns da casa à descarregar e equilibrar o campo energético.

O irmão designado pelo chefe do terreiro (diretor espiritual), deverá ter em mãos o recipiente com o incensório e o defumador devidamente preparados.
Com os médiuns já formados em círculo(s) dentro do templo, no lugar dos trabalhos espirituais, com direção ao centro e com máxima concentração, entra o irmão indicado trazendo o recipiente com o incensório para o devido expurgo do templo e dos irmãos em conjunto.
Passando vagarosamente pela frente dos irmãos da corrente de modo que eles recebam a defumação com simplicidade e respeito, chega ao centro do círculo onde por último e depois de passar também pelos membros da direção espiritual, deverá se posicionar em frente ao altar e fechar esta fase preparatória (os círculos são feitos um dentro do outro somente no início dos trabalhos).

Após a defumação deve-se guardar se possível 1 a 2 minutos para a meditação, podendo se a direção quiser colocar músicas apropriadas para esta ocasião, nunca permitindo falatórios ou pertubações de qualquer ordem neste momento (possível de ser chamado atenção e reincindindo, até suspensão).

A abertura se fará e círculos, entoando os pontos cantados, de maneira harmônica, sem o uso de atabaques ou qualquer outro instrumento de percussão assim como desaconselhamos as batidas de palmas, pois além de atrapalhar a harmonia faz com que alguns irmãos que ainda não estejam bem preparados, entrem no processo de animismo profundo ou psiquismo inconsciente.

Os pontos devem ser cantados obedecendo uma ordem hierárquica, isto é:

  1. Ponto cantado em homenagem ao Templo ou Centro;
  2. Ponto de licença ao patrono do templo;
  3. Ponto de chamada das entidades em conjunto;

Após a chegada das entidades, a direção da casa, saúda com humildade as entidades e guias que se cumprimentam entre si e saúdam em conjunto os pontos ou imagens no altar se tiver.

OBS:Achamos que no ponto de chamada das entidades e guias, todos os médiuns devem encorporar juntos, não havendo necessidade de uns encorporarem antes dos outros, fazendo com que se quebre a harmonia reinante.

Em alguns templos e centros umbandistas, antes das entidades e guias começarem à trabalhar, tem por hábito fazerem a cúpula magnética, que é formada por duas correntes de médiuns, frente a frente em forma de "túnel" positivo com negativo, mãos espalmadas e apoiados uns nos outros, para o atendimento de crianças, que por serem menores, não podem assistir ao trabalho de expurgo psíquico destinado aos adultos, embora muitos adultos sejam atendidos por vários motivos: morar longe, horário de ônibus, etc.

O diretor espiritual da casa "chefe do terreiro" destaca os médiuns para os seus devidos lugares, que devidamente encorporados, iniciam o trabalho de passes e atendimento individuais ao público.
É neste momento que sentimos o poder das entidades do Astral através das encorporações dos CABOCLOS, CRIANÇAS e PRETOS-VELHOS, todos na missão divina do amor, da caridade, da humildade, tratando a todos com o mesmo carinho, humildade e dedicação, não vendo classses sociais, simplesmente fazer a caridade pela caridade, seguindo os preceitos ditos pelo nosso querido OXALÁ(JESUS).

Nestas sessões, as entidades que trabalham na Lei de Umbanda, isto é, os Pretos-Velhos e os Caboclos, usam para o atendimento dos consulentes charutos, cachimbos e defumadores, fazendo com que a fumaça trabalhada astralmente seja um poderoso agente eliminador de larvas, parasitas, miasmas e, elevando a energia orgânica do paciente no Corpo Astral, atua no chakra elevando seu tônus vibratório.

Não é permitido o uso de bebidas alcóolicas de qualquer natureza assim como o uso da pólvora (Tuia) arcos de fogo, etc.

As Crianças quando encorporadas em seus respectivos médiuns, dão conselhos, orientações de muita profundidade, inclusive sobre o carma dos consulentes, isto é, se o paciente estiver preparado para ouvir e, seu o médium for preparado para tal.As encorporações de entidades de Crianças (Ibejis) não são tão corriqueiras como se vêem por aí, estas entidades não estão à disposição dos consulentes, como também, não se jogam pelo chão como estamos cansados de ver, num perfeito animismo, pedindo brinquedos e esfregando o rosto em doces e guloseimas em geral, isto com certeza não é entidade de Criança e sim pura mistificação.Estas entidades são muito sérias, e não estão à disposição de qualquer pessoa que queira invocá-las.

Em todo templo, centro, tenda, cabana, onde se pratica a verdadeira Umbanda, não poderíamos deixar de falar na entidade de EXU, paralela passiva indispensável para todo o decorrer dos trabalhos, para as seguranças devidas e também com uma participação importante dentro do movimento Umbandista: todos os desmanchos de magia, ajustamentos cármicos e dívidas cármicas. Pode ser também protetor e responsável por alguns irmãos (dependendo dos estados concencionais dos mesmos, pois sabemos que são os estados mentais que fazem a ligação entre o Astral e a Terra).

No encerramento, os irmãos voltam aos seus lugares em círculos como no início. Canta-se o ponto de despedida das entidades e canta-se o ponto de homenagem e súplica à Misericórdia Divina.

Faz-se de 1 a 2 minutos de meditação.Logo em seguida faz-se uma prece de encerramento por um irmão escolhido pela direção da casa e acostumado a isto (a prece não deverá ultrapassar mais do que 2 minutos para não trazer estafa mental ao médium).

O diretor espiritual da casa (chefe do terreiro) deverá dar a última palavra para fechar os trabalhos da noite, agradecendo aos mentores e aos patronos do templo, do qual o encerramento nunca deverá passar das 23 hs, a não ser por motivo de caridade do qual nunca pode ser negado, não devendo se tornar uma rotina.

A saída dos irmãos do templo deverá obedecer uma norma que é a de esperar todo o público se retirar em primeiro lugar.

Uma vez por semana ou à critério da direção da casa, deverá haver uma reunião com os médiuns para admoestá-los em algum erro que estejam cometendo.

Como se vê, os trabalhos uma vez cumpridos como estão assinalados, são de uma vibrante simplicidade. Toda a sua liturgia, é como uma permanente advertência, um lembrete simbólico aos homens em geral que frequentam, que o sacerdócio da mediunidade tem que ser permanente sob o controle da humildade que é o verdadeiro caminho que leva ao Pai.


Agradecemos aos irmãos que nos acompanham nesta jornada e pedimos que nosso Pai OXALÁ vos iluminem assim como a nós para que sejamos fortificados em nosso caminhar.

Salve JESUS Salve OXALÁ!!!!!

Saravá Fraterno,

André.